A Federação Brasileira de Gastroenterologia-FBG vem acompanhando as frequentes alterações nas condições clínicas dos pacientes COVID-19 bem como as publicações mais recentes. Tendo em vista a análise dessas informações que são a seguir apresentadas, são propostas aos gastroenterogistas sugestões/recomendações baseadas em evidência.
Informações
1. Revisões sistemáticas e meta-análises demonstram que sintomas digestivos e hepatopatia não são incomuns em pacientes com COVID-19. Prevalência de sintomas gastrintestinais :
– diarréia : @ 2 – 33% ( média @ 8%)
– Náuseas e vômitos : @ 8 %
– dor abdominal : @ 4%
– elevação de AST/ALT : @ 37% (média @ 15%).
2. Manifestação inicial
O sintoma inicial da infecção pode ser diarréia a qual é muitas vezes acompanhada de manifestações respiratórias altas. Em determinados casos, entretanto, a diarréia pode preceder os outros sintomas e nesses casos COVID-19 pode apresentar sintomas gastrintestinais que antecedem os sintomas respiratórios.
3. Monitoração dos pacientes com quadro gastrintestinal
Os gastroenterologistas devem ser informados pelos pacientes para a eventualidade de virem a apresentar febre, tosse, dispnéia e outras manifestações respiratórias após o início dos sintomas gastrintestinais. Nesses casos, deve ser considerado o teste para COVID-19.
4. Anormalidades nas provas funcionais hepáticas devem abranger avaliação completa
Em cerca de 15% dos pacientes COVID-19 podem ser observadas anormalidades nos exames hepáticos. Vale dizer que os dados até o momento indicam que tais anormalidades podem ser atribuíveis aos efeitos secundários de uma enfermidade grave, antes de que propriamente aos danos hepáticos primariamente mediados por virus.
Recomendações
- Gastroenterologistas, endoscopistas e pessoal ligado aos mesmos devem permanecer vigilantes e revisar periodicamente os dispositivos de proteção pessoal, especialmente durante procedimentos endoscópicos. Atenção especial para máscaras faciais que protegem contra a transmissão de gotículas. A OMS recomenda uso de máscara sob qualquer circunstância.
- Cuidados e atenção na remoção apropriada de tais dispositivos (luvas, gorros, propés, máscaras).
- Antecedendo consultas e procedimentos, deve ser implementado um protocolo de perguntas sobre viagens, contatos, sintomas respiratórios, chegada ao consultório/ local de exames. Casos suspeitos devem ser enviados para exames em clínicas voltadas para o problema pandêmico atual.
- Pacientes com doença inflamatória intestinal, hepatite autoimune, transplante hepático ou outras condições que requerem a utilização de imunossupressores/imunobiológicos não devem interromper seu tratamento uma vez que o risco de progressão da doença ou complicações superam os riscos de contrair COVID-19. Por outro lado, pacientes com doença inflamatória intestinal que desenvolvem infecção por COVID-19 devem suspender o uso de imunossupressores e imunobiológicos.
Referências
1) Sulthan S et al. AGA Institute Rapid Review of the GI and liver manifestations of COVID-19, meta-analysis of international data and recommendations for the consultative management of patients with COVID-19. Gastroenterology 2020 (web browser).
2) Mao Ren et al. Manifestations and prognosis of gastrointestinal and liver involvement in patients with COVID-19; a systematic review and meta-analysis.
Lancet Gastroenterol Hepatol 2020;5:667. On line:https://doi.org/10.1016/S2468-1253)20)30126-6.
3) Pochapin MB et al. Recommendations COVID-19 for gastroenterologists. https://mailchi.mp/gi/acgrecommendations-re-covid-19-for-gastroenterologists?e=dbeba47cbc.
4) Zhang C et al. Liver injury in COVID-19: management and challenges. https://www.the lancet.com/pdfs/journals/langas/PIIS2468-1253(20)30057-1.pdf.
Diretoria de Comunicação – FBG
Joaquim Prado P Moraes-Filho
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